quinta-feira

carta nº5



desci para o metro e nem dei pelo tempo passar, de tal maneira te tinha comigo, presente como se estivesses sentado ao meu lado, a ver em silêncio os túneis ficar para trás. enquanto refletia, concluí que os anos me melhoraram. sou uma pessoa definitivamente melhor, com mais valor. o meu sangue corre mais depressa e o rancor eleva-me a alma, afasta-me dos sentimentalismos próprios da idade. e estou a desfrutá-lo. levo-o no bolso do casaco para a escola, trago-o para casa debaixo do chapéu-de-chuva, sento-o ao meu lado neste lanço de escadas à entrada do prédio.
vê aquilo que criaste, querido amigo -  condenaste-me a noites em branco, às claras tão no escuro, sei lá.
não perdoo,
mas as noites são a pior parte

Sem comentários:

Enviar um comentário